Relato de experiência PNAIC 2015
Gestão Escolar no
Ciclo de Alfabetização em Rio Maria-Pará
Tomázia Pereira Silva
Coordenadora Municipal
O presente relato é fruto de um trabalho realizado na gestão
e mobilização do PNAIC no ano de 2015, em Rio Maria sul do Pará, um Município
com 5 escolas na área urbana e 3 no campo, um total de 33 turmas, 30
professores e 729 alunos e uma orientadora de estudos no ciclo de alfabetização.
Para esse relato farei uma breve consideração quando iniciei o programa em
2012, quando a Secretaria assinou o termo de adesão ao PNAIC e logo após deveriam indicar um
coordenador municipal para gerenciar o mesmo. O Secretário me procurou e
perguntou se eu gostaria de assumir essa função, imediatamente aceitei , gosto
de desafios e seria uma nova experiência que ao longo da minha carreira, não
tinha exercido a função de gestora. Como tal,
liderar uma equipe de profissionais basicamente todas minhas colegas de profissão
e com o mesmo tempo de serviço, salvo algumas exceções. Então foi muito difícil,
agora estava em uma nova posição assumir uma nova postura e principalmente
saber ouvir, acolher, respeitar as individualidades de cada uma, as
particularidade, os melindres e gerenciar os conflitos de uma mudança de
concepção e a quebra de paradigmas enraizado no eu de cada profissional.
v Retorno das
atividades em 2015
No dia seis de janeiro de dois mil e quinze
retomamos os trabalhos na SEMED, onde orientadora de estudo Josefa dos Santos
Branco e eu definimos as primeiras ações para finalizar as formações que
ficaram pendentes de alfabetização matemática, como o ano letivo não começou no
tempo previsto
realizamos
uma oficina de construção de jogos e uma
formação de reforço em linguagem. Para essa formação de reforço em linguagem achamos
por bem envolver todos os professores do 1º ao 5º ano. Percebemos que há uma
quebra quando o aluno sai do ciclo e vai para as séries seguintes uma vez que
os professores não trabalham com a mesma proposta metodológica orientada pelo PNAIC. Convidamos então os
professores de 1º ao 5º ano, porém ficamos decepcionadas houve uma participação
mínima da categoria. As mesma se acham auto suficiente que não precisam de
formação e ainda tiveram o apoio do SINTEPP. Fique muito triste pois gostaria
de ampliar o leque de informação que é repassada, para os demais professores.
Formação de matemática:
Oficina
de jogos
Enquanto gestora após essas formações
juntamente com a orientadora decidimos reestruturar a ficha de avaliação do
ciclo de alfabetização agora separando os Direitos de Aprendizagens por ano e
acompanhei a elaboração do diagnóstico inicial e analisei os resultados
juntamente com a orientadora de estudo. Diante do resultado do diagnóstico
inicial detectamos os problemas e fomos buscar parcerias para o apoio e traçar
metas para que houvesse um avanço no 2º bimestre. Em seguida nos reunimos com a
diretoria de ensino e equipe de coordenação para socialização dos resultados do
diagnóstico e traçar as metas. Ficou então como meta inicial reestruturar o
planejamento anual e principalmente das turmas multisseriadas que apresenta uma
realidade totalmente diferente das turmas comuns. E trabalhar com sequencia
identidade de forma interdisciplinar contemplando atividades desafiadoras e por
níveis de aprendizagens.
. Para
a construção do planejamento anual das turmas multisseriadas convidamos as
professoras, coordenadora e diretora do campo e fizemos um levantamento de
conteúdos pertinentes a realidade campesina, os objetivos e metodologias a serem
trabalhadas. Todas juntos decidimos trabalhar com projetos uma vez que a
realidade é mais complexa.
Professora das escolas do campo definindo
projetos interdisciplinar
Buscando
parcerias:
Ø com o Mais
Educação
Para uma melhor operacionalização dos
objetivos do programa que é alfabetizar todas as crianças até os 8 anos de
idade no final do 3º ano buscamos o apoio do Programa Mais Educação para isso
reunir coma a orientadora de estudo e coordenadora do Mais Educação professora
Lionete Pimentel para conversamos como estava o funcionamento do mesmo e em que
nós do Pacto poderíamos contribuir. Diante da conversa observamos que os
monitores precisavam de formação uma vez que a maioria são adolescentes que
estão concluindo o ensino médio tem muita boa vontade porém faltava
experiências de sala de aula. E o planejamento deles eram apenas as rotinas
semanais. Então decidimos fazer uma formação com todos os coordenadores e
monitores do programa e construir uma sequencia didática multidisciplinar
envolvendo todos os monitores desde o de linguagem, dança, informática e rádio.
Pesquisamos na internete e encontramos uma sequencia “O sonho de Renato” disponível
em http://alfabetizacaotempocerto.comunidades.net/sequencias-didaticas achamos ótima!
Fizemos as adaptações de forma que todos os monitores pudessem está envolvido
com uma atividade relacionada à mesma. Os monitores e coordenadores acharam ótima
a formação, a sequência apresentada. Disseram que precisavam mesmo dessas
orientações e que com certeza iria facilitar e muito o trabalho deles.
Acompanhei por um tempo o desenvolvimento da mesma nas escolas porém os recursos
não vieram e as poucos foram acabando as turmas. Foi uma pena! As crianças
estavam gostando e participando com maior interesse.
Josefa
e Lionete elaborando a sequência “O sonho de Renato” para as turmas do Mais
Educação
v Com as
famílias
A parceria com as famílias teve inicio logo
após o ano letivo ter começado. Realizamos reunião em algumas escolas que
considerávamos que os pais eram muito ausente da escola, então em conversa
com a direção e coordenação chegamos há
um consenso de promover mais reuniões com os pais. Essa primeira reunião tinha
como objetivos do programa e
incentivá-los a vir mais vezes a escola, informar como são as atividades
desenvolvidas pelos professores e ouvir o que os pais tinha para falar em
relação a escola. Foi muito bom esse encontro, os pais participaram e disseram
que gosta muito da escola que tem observado que os filhos estão mais motivados,
que todos o dias contam que leram um livro de historinha diferente, que
brincaram com um jogo novo.
Em uma escola que tem uma turma de 3º ano com
alunos repetentes e com distorção idade série, alunos oriundos de famílias de
baixa renda, desestruturadas, onde duas crianças tem laudo de esquizofrenia. Promovemos
um encontro diferente, convidamos os pais para um café da manhã. Nesse café os
pais foram recebidos pelas crianças com um cartão de boas vindas, em seguida
convidados a tomar um café ao som de um slide com fotos de atividades
desenvolvidas pelos alunos e fundo musical. Após todos terem tomado um
delicioso café conversamos com os pais o motivo do convite para esse encontro.
Precisávamos do apoio deles, as crianças são inteligentes e capazes de
aprender, bastava que todos escola/família/
aluno acreditássemos nisso e incentivassem. A reunião durou mais tempo do que
prevíamos os pais ficaram muito a vontade para falar e concordar com o apoio
para dedicarem um tempinho aos filhos ou pelo menos incentivá-los a fazer. No
final do encontro as crianças realizaram a leitura de um jogral parabenizando
os pais por terem vindo à reunião. Ficou
combinado que a turma iria tirar um dia por semana para visitar uma
família e realizar a leitura em minha casa. Foi maravilhosa a visita nas casas
os alunos ficaram entusiasmados para que a sua casa fosse à primeira. E assim a
cada semana uma família era visitada e um novo aluno realizava a leitura. Essa
turma está encerrando um ano confiantes que são capazes de aprender, nem todos
conseguiram mais aumentou a auto estima e o desejo de ler e escrever.
Nas escolas do campo os pais são bem participativos
, porém como é uma raridade acontecer essa reuniões eles querem aproveitar o momento para
resolverem os problemas de iluminação, estrada, transporte escolar. Tivemos que
ser saber ouvir e conduzir a reunião para o objetivo principal que era falar do PNAIC e os projetos que iriam ser
desenvolvidos na escola. Os pais do campo acreditam ainda que a escola precisa
ensinar as famílias silábicas um ensino tradicional. Então usamos uma dinâmica
de abertura que era montar através do tangran o desenho que quisessem. O objetivo desta dinâmica era mostrar que apesar das diferenças
(a diversidade das peças), quando trabalham em harmonia, integração,
cooperação, o resultado é sempre promissor. Precisamos do apoio deles, para que
as professoras pudessem realizar as atividades propostas. Quando uma criança
trabalha com um jogo, um quebra cabeça, uma roda de leitura também está havendo
aprendizado. Apresentamos o projeto que a professora iria trabalhar no bimestre
e a forma como seria. Ao final do encontro todos nos parabenizaram o quanto o
encontro foi bom, aprenderam bastante e que gostariam que houvesse mais
momentos como este.
Diretora,
orientadora de estudo, coordenadora do PNAIC, coordenadora pedagógica e professores da escola Adão Mendes de Abreu
Escola Frei Gil de Vila Nova
Crianças
realizando a leitura de um jogral para os pais
Os alunos do 3º ano com a sacola
da leitura para realizar a leitura em minha casa.
Mural de boas vindas da escola
Água Boa – campo, para a coordenadora e orientadora de estudo do PNAIC e
diretora escolar
Professora Vivian- turma
multissérie escola Agua Boa
Pais e alunos recortando e
montando um quebra cabeça
Quebra cabeça montado
Escola Pequeno príncipe- campo
v Tríade: PNAIC x ESCOLA x FAMÍLIA
Durante o mês de novembro o trabalho
foi intenso de mobilização com as famílias, escola que foi denominado de PNAIC
na escola com o tema: A importância da família na construção das aprendizagens
da criança. Essa atividade tinha como objetivo geral desenvolver um trabalho
coletivo no ambiente escolar incluindo a família a família no processo ensino
aprendizagem, como parceiros e colaboradores, estimulando o crescimento do
aluno, resgatando o fortalecimento da auto estima a fim de aproximá-los dos
princípios desenvolvidos na escola como a solidariedade humana, respeito,
democracia, inclusão entre outros, para que possam argumentar sobre eles. E como objetivo específico promover a
integração entre família e escola, estimulando o rendimento e o comportamento
escolar dos alunos; resgatar a importância da afetividade e limites na escola e
na família como fator primordial para o bom desenvolvimento do aluno. Como
metodologia nos reunimos com a equipe gestoras das escolas para passar a
proposta do dia do PNAIC na escola e como iria ser esse dia e o que faríamos,
pois queríamos um encontro especial diferente de todos as reuniões que os já
tinha costume de participar. Então ficou decidido um cronograma de atividades
por escola. E que faríamos um momento de palestra com apresentação de vídeos
relacionadas a importância da participação da família na escola, um momento
onde as crianças, professores e pais realizassem algumas atividades juntas e
apresentação cultural.
Depois elaboramos a pauta, escolhemos
como atividade de acolhida a dinâmica do “garotinho chamado amor”, foi ótimo!
Porque a durante a leitura tem algumas palavras chaves que eles deveriam fazer
os gestos como PAZ perto de mão, AMOR, um abraço, GARRA troca de lugar,
SORRISO, gargalhada BEM VINDOS palmas. Essa dinâmica quebrou o gelo dos
familiares ali presentes e todos sorriram e se abraçaram.
Em seguida, dividimos os pais por ano
e cada professora ficou responsável por realizar um jogo com o seu grupo. Foi
dado um tempo de mais ou meia menos meia hora. Porém esse tempo extrapolou para
uma hora e os pais ainda queriam mais ficaram tão empolgados que votaram a ser
criança e gostariam de brincar mais.
Retomamos ao grupão e questionamos o
que tinham sentido ao realizar os jogos? Quais as dificuldades encontradas? :Se
acharam fácil ou difícil? Em todas as escolas disseram que foi um momento de
muita aprendizagem, que gostariam que houvesse mais encontros como esse e que
alguns jogos iriam reproduzir para ajudar os filhos/netos em casa.
Depois passamos um vídeo “queridos
pais”. A parti desse vídeo convidamos a falar o que tinha observado? Qual a
mensagem do vídeo? Disseram que os pais são espelhos para os filhos e que todos
os pais devem dar o exemplo. Comentamos da importância da participação dos pais
na vida escolar dos filhos e dar bons exemplos.
Em seguida houve o momento cultural
onde os alunos dramatizaram a chegada da menina bonita do laço de fitas,
dramatização com fantoches “diversidade”. Declamação de poesias, e uma dança rítmica.
Para encerramento do encontro providenciamos em algumas escolas almoço, em
outras um delicioso lanche.
Concluo que enquanto gestora do
programa procurou realizar todas as ações possíveis, claro que poderia ter
feito mais, apesar de todo o apoio dado pela Secretaria de Educação na pessoa
do professor Wanderley, ainda encontramos muitas dificuldades para por em
prática todas as ações planejadas como carro para locomoção tanto na área urbana
como nas escolas do campo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário