sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Relato de experiencia




                    
Relato de experiência PNAIC 2015

Gestão Escolar no Ciclo de Alfabetização em Rio Maria-Pará


Tomázia Pereira Silva
Coordenadora Municipal


O presente relato é fruto de um trabalho realizado na gestão e mobilização do PNAIC no ano de 2015, em Rio Maria sul do Pará, um Município com 5 escolas na área urbana e 3 no campo, um total de 33 turmas, 30 professores e 729 alunos e uma orientadora de estudos no ciclo de alfabetização. Para esse relato farei uma breve consideração quando iniciei o programa em 2012, quando a Secretaria assinou o termo de adesão ao PNAIC  e logo após deveriam indicar um coordenador  municipal para  gerenciar o mesmo. O Secretário me procurou e perguntou se eu gostaria de assumir essa função, imediatamente aceitei , gosto de desafios e seria uma nova experiência que ao longo da minha carreira, não tinha exercido a função de gestora. Como tal,  liderar uma equipe de profissionais basicamente todas minhas colegas de profissão e com o mesmo tempo de serviço, salvo algumas exceções. Então foi muito difícil, agora estava em uma nova posição assumir uma nova postura e principalmente saber ouvir, acolher, respeitar as individualidades de cada uma, as particularidade, os melindres e gerenciar os conflitos de uma mudança de concepção e a quebra de paradigmas enraizado no eu de cada profissional.

v Retorno das atividades em 2015
No dia seis de janeiro de dois mil e quinze retomamos os trabalhos na SEMED, onde orientadora de estudo Josefa dos Santos Branco e eu definimos as primeiras ações para finalizar as formações que ficaram pendentes de alfabetização matemática, como o ano letivo não começou no tempo previsto
realizamos uma  oficina de construção de jogos e uma formação de reforço em linguagem. Para essa formação de reforço em linguagem achamos por bem envolver todos os professores do 1º ao 5º ano. Percebemos que há uma quebra quando o aluno sai do ciclo e vai para as séries seguintes uma vez que os professores não trabalham com a mesma proposta metodológica  orientada pelo PNAIC. Convidamos então os professores de 1º ao 5º ano, porém ficamos decepcionadas houve uma participação mínima da categoria. As mesma se acham auto suficiente que não precisam de formação e ainda tiveram o apoio do SINTEPP. Fique muito triste pois gostaria de ampliar o leque de informação que é repassada, para os demais professores.
Formação de matemática:
Oficina de jogos


Enquanto gestora após essas formações juntamente com a orientadora decidimos reestruturar a ficha de avaliação do ciclo de alfabetização agora separando os Direitos de Aprendizagens por ano e acompanhei a elaboração do diagnóstico inicial e analisei os resultados juntamente com a orientadora de estudo. Diante do resultado do diagnóstico inicial detectamos os problemas e fomos buscar parcerias para o apoio e traçar metas para que houvesse um avanço no 2º bimestre. Em seguida nos reunimos com a diretoria de ensino e equipe de coordenação para socialização dos resultados do diagnóstico e traçar as metas. Ficou então como meta inicial reestruturar o planejamento anual e principalmente das turmas multisseriadas que apresenta uma realidade totalmente diferente das turmas comuns. E trabalhar com sequencia identidade de forma interdisciplinar contemplando atividades desafiadoras e por níveis de aprendizagens.
.  Para a construção do planejamento anual das turmas multisseriadas convidamos as professoras, coordenadora e diretora do campo e fizemos um levantamento de conteúdos pertinentes a realidade campesina, os objetivos e metodologias a serem trabalhadas. Todas juntos decidimos trabalhar com projetos uma vez que a realidade é mais complexa.
Professora das escolas do campo definindo projetos  interdisciplinar


Buscando parcerias:
Ø com o Mais Educação
Para uma melhor operacionalização dos objetivos do programa que é alfabetizar todas as crianças até os 8 anos de idade no final do 3º ano buscamos o apoio do Programa Mais Educação para isso reunir coma a orientadora de estudo e coordenadora do Mais Educação professora Lionete Pimentel para conversamos como estava o funcionamento do mesmo e em que nós do Pacto poderíamos contribuir. Diante da conversa observamos que os monitores precisavam de formação uma vez que a maioria são adolescentes que estão concluindo o ensino médio tem muita boa vontade porém faltava experiências de sala de aula. E o planejamento deles eram apenas as rotinas semanais. Então decidimos fazer uma formação com todos os coordenadores e monitores do programa e construir uma sequencia didática multidisciplinar envolvendo todos os monitores desde o de linguagem, dança, informática e rádio. Pesquisamos na internete e encontramos uma sequencia “O sonho de Renato” disponível em http://alfabetizacaotempocerto.comunidades.net/sequencias-didaticas achamos ótima! Fizemos as adaptações de forma que todos os monitores pudessem está envolvido com uma atividade relacionada à mesma. Os monitores e coordenadores acharam ótima a formação, a sequência apresentada. Disseram que precisavam mesmo dessas orientações e que com certeza iria facilitar e muito o trabalho deles. Acompanhei por um tempo o desenvolvimento da mesma nas escolas porém os recursos não vieram e as poucos foram acabando as turmas. Foi uma pena! As crianças estavam gostando e participando com maior interesse.
Josefa e Lionete elaborando a sequência “O sonho de Renato” para as turmas do Mais Educação


v Com as famílias


A parceria com as famílias teve inicio logo após o ano letivo ter começado. Realizamos reunião em algumas escolas que considerávamos que os pais eram muito ausente da escola, então em conversa com  a direção e coordenação chegamos há um consenso de promover mais reuniões com os pais. Essa primeira reunião tinha como  objetivos do programa e incentivá-los a vir mais vezes a escola, informar como são as atividades desenvolvidas pelos professores e ouvir o que os pais tinha para falar em relação a escola. Foi muito bom esse encontro, os pais participaram e disseram que gosta muito da escola que tem observado que os filhos estão mais motivados, que todos o dias contam que leram um livro de historinha diferente, que brincaram com um jogo novo.
Em uma escola que tem uma turma de 3º ano com alunos repetentes e com distorção idade série, alunos oriundos de famílias de baixa renda, desestruturadas, onde duas crianças tem laudo de esquizofrenia. Promovemos um encontro diferente, convidamos os pais para um café da manhã. Nesse café os pais foram recebidos pelas crianças com um cartão de boas vindas, em seguida convidados a tomar um café ao som de um slide com fotos de atividades desenvolvidas pelos alunos e fundo musical. Após todos terem tomado um delicioso café conversamos com os pais o motivo do convite para esse encontro. Precisávamos do apoio deles, as crianças são inteligentes e capazes de aprender,  bastava que todos escola/família/ aluno acreditássemos nisso e incentivassem. A reunião durou mais tempo do que prevíamos os pais ficaram muito a vontade para falar e concordar com o apoio para dedicarem um tempinho aos filhos ou pelo menos incentivá-los a fazer. No final do encontro as crianças realizaram a leitura de um jogral parabenizando os pais por terem vindo à reunião. Ficou  combinado que a turma iria tirar um dia por semana para visitar uma família e realizar a leitura em minha casa. Foi maravilhosa a visita nas casas os alunos ficaram entusiasmados para que a sua casa fosse à primeira. E assim a cada semana uma família era visitada e um novo aluno realizava a leitura. Essa turma está encerrando um ano confiantes que são capazes de aprender, nem todos conseguiram mais aumentou a auto estima e o desejo de ler e escrever.
Nas escolas do campo os pais são bem participativos , porém como é uma raridade acontecer essa reuniões  eles querem aproveitar o momento para resolverem os problemas de iluminação, estrada, transporte escolar. Tivemos que ser saber ouvir e conduzir a reunião para o objetivo principal que era  falar do PNAIC e os projetos que iriam ser desenvolvidos na escola. Os pais do campo acreditam ainda que a escola precisa ensinar as famílias silábicas um ensino tradicional. Então usamos uma dinâmica de abertura que era montar através do tangran o desenho que quisessem.  O objetivo desta dinâmica era mostrar que apesar das diferenças (a diversidade das peças), quando trabalham em harmonia, integração, cooperação, o resultado é sempre promissor. Precisamos do apoio deles, para que as professoras pudessem realizar as atividades propostas. Quando uma criança trabalha com um jogo, um quebra cabeça, uma roda de leitura também está havendo aprendizado. Apresentamos o projeto que a professora iria trabalhar no bimestre e a forma como seria. Ao final do encontro todos nos parabenizaram  o quanto o  encontro foi bom, aprenderam bastante e que gostariam que houvesse mais momentos como este.
Diretora, orientadora de estudo, coordenadora do PNAIC, coordenadora pedagógica  e professores da escola Adão Mendes de Abreu
Escola Frei Gil de Vila Nova


Crianças realizando a leitura de um jogral para os pais
Os alunos do 3º ano com a sacola da leitura para realizar a leitura em minha casa.












Mural de boas vindas da escola Água Boa – campo, para a coordenadora e orientadora de estudo do PNAIC e diretora escolar



Professora Vivian- turma multissérie escola Agua Boa

Pais e alunos recortando e montando um quebra cabeça
Quebra cabeça montado
Escola Pequeno príncipe- campo
v Tríade: PNAIC x ESCOLA x FAMÍLIA
Durante o mês de novembro o trabalho foi intenso de mobilização com as famílias, escola que foi denominado de PNAIC na escola com o tema: A importância da família na construção das aprendizagens da criança. Essa atividade tinha como objetivo geral desenvolver um trabalho coletivo no ambiente escolar incluindo a família a família no processo ensino aprendizagem, como parceiros e colaboradores, estimulando o crescimento do aluno, resgatando o fortalecimento da auto estima a fim de aproximá-los dos princípios desenvolvidos na escola como a solidariedade humana, respeito, democracia, inclusão entre outros, para que possam argumentar sobre eles.  E como objetivo específico promover a integração entre família e escola, estimulando o rendimento e o comportamento escolar dos alunos; resgatar a importância da afetividade e limites na escola e na família como fator primordial para o bom desenvolvimento do aluno. Como metodologia nos reunimos com a equipe gestoras das escolas para passar a proposta do dia do PNAIC na escola e como iria ser esse dia e o que faríamos, pois queríamos um encontro especial diferente de todos as reuniões que os já tinha costume de participar. Então ficou decidido um cronograma de atividades por escola. E que faríamos um momento de palestra com apresentação de vídeos relacionadas a importância da participação da família na escola, um momento onde as crianças, professores e pais realizassem algumas atividades juntas e apresentação cultural.
                    

Depois elaboramos a pauta, escolhemos como atividade de acolhida a dinâmica do “garotinho chamado amor”, foi ótimo! Porque a durante a leitura tem algumas palavras chaves que eles deveriam fazer os gestos como PAZ perto de mão, AMOR, um abraço, GARRA troca de lugar, SORRISO, gargalhada BEM VINDOS palmas. Essa dinâmica quebrou o gelo dos familiares ali presentes e todos sorriram e se abraçaram.
Em seguida, dividimos os pais por ano e cada professora ficou responsável por realizar um jogo com o seu grupo. Foi dado um tempo de mais ou meia menos meia hora. Porém esse tempo extrapolou para uma hora e os pais ainda queriam mais ficaram tão empolgados que votaram a ser criança e gostariam de brincar mais.
Retomamos ao grupão e questionamos o que tinham sentido ao realizar os jogos? Quais as dificuldades encontradas? :Se acharam fácil ou difícil? Em todas as escolas disseram que foi um momento de muita aprendizagem, que gostariam que houvesse mais encontros como esse e que alguns jogos iriam reproduzir para ajudar os filhos/netos em casa.
Depois passamos um vídeo “queridos pais”. A parti desse vídeo convidamos a falar o que tinha observado? Qual a mensagem do vídeo? Disseram que os pais são espelhos para os filhos e que todos os pais devem dar o exemplo. Comentamos da importância da participação dos pais na vida escolar dos filhos e dar bons exemplos.
Em seguida houve o momento cultural onde os alunos dramatizaram a chegada da menina bonita do laço de fitas, dramatização com fantoches “diversidade”. Declamação de poesias, e uma dança rítmica. Para encerramento do encontro providenciamos em algumas escolas almoço, em outras um delicioso lanche.

Concluo que enquanto gestora do programa procurou realizar todas as ações possíveis, claro que poderia ter feito mais, apesar de todo o apoio dado pela Secretaria de Educação na pessoa do professor Wanderley, ainda encontramos muitas dificuldades para por em prática todas as ações planejadas como carro para locomoção tanto na área urbana como nas escolas do campo.